Mochilão na Argentina e no Chile: resumão dos 3 meses de descobertas pela América do Sul


Tudo começou com um sentimento de monotonia. Haviam passado vários meses desde a última viagem e já estava batendo aquela vontade de ver lugares novos, voltar a ter experiências diferentes. Uni esse sentimento à antiga meta de aprender espanhol e assim nasceu o mochilão!

A ideia inicial era escolher uma cidade para ficar por bastante tempo, mas eram tantas opções atraentes que foi impossível eliminar algumas delas. Fui acompanhada de meu marido parceiro de viagens e, em maio deste ano, embarcamos rumo a uma aventura de 3 meses inesquecíveis entre a Argentina e o Chile.

tours san pedro de atacama


Vale lembrar que uma viagem longa assim só foi possível porque tanto eu quanto ele somos nômades digitais, ou seja, podemos trabalhar pela internet enquanto viajamos. Inclusive, pra dar tempo de cumprir com as obrigações e aproveitar bem os lugares, as trips precisam ter uma duração maior mesmo.

Para quem pretende fazer uma viagem mais curta, aconselho dar uma olhada no relato do mochilão de 16 dias no Chile da nossa Comunidade Mundo de Viajante :)
viagem no deserto do atacama
Eu e o Pedro a caminho de um dos passeios pelo Atacama

Por que esses três meses foram tão incríveis?

O que era inicialmente apenas um break na rotina e uma desculpa para aprender espanhol, acabou se transformando em uma viagem linda e cheia de surpresas. Meu preconceito com cidades grandes foi embora, caminhei entre paisagens espetaculares do Deserto do Atacama e pude ter um novo olhar sobre nossos vizinhos argentinos e chilenos, muito além da rasa impressão de quem os recebe nas praias de Floripa todos os verões.

O mochilão teve de tudo: cidade grande, média e minúscula; paisagens urbanas e naturais; frio e calor; passeios independentes e com agências; avião, trem, ônibus, metrô, bicicleta e muita caminhada; noites em casas inteiras só pra gente e também madrugada em claro no aeroporto. Muito perrengue e muita felicidade! Sem dúvidas, foi uma das melhores viagens que fiz.
Tour Piedras Rojas Atacama
Curtindo as Piedras Rojas, uma atração bem popular em San Pedro de Atacama

Nosso roteiro

Não montamos um roteiro fechado antes de embarcar, apenas selecionamos algumas cidades que queríamos conhecer na Argentina e no Chile. Preferimos decidir quantos dias ficar conforme os lugares nos agradassem e oferecessem boas opções de hospedagem e alimentação.

Começamos pela Argentina, chegando de avião em Buenos Aires. Gostamos tanto que resolvemos ficar 26 dias, pois há muito o que se fazer por lá! Depois pegamos um trem até Rosário e dedicamos 3 dias para ela. A próxima parada foi Córdoba, onde chegamos de ônibus e passamos uma semana. Seguimos para Mendoza em uma sofrida viagem de quase doze horas de ônibus. Ah, mas como tudo valeu a pena! A cidade é encantadora, daquelas que você tem vontade de ir ficando e ficando... ficamos 15 dias.
Canais de irrigação no centro de Mendoza
O charmoso Calçadão Sarmiento, bem no Centro de Mendoza.
À esquerda é possível ver uma canaleta que faz parte do sistema de irrigação da cidade.

Mendoza fica bem no oeste da Argentina, pertinho da fronteira com o Chile. Por isso, foi nosso último paradeiro na terra dos hermanos. De lá, pegamos mais um ônibus para Santiago. O cruzamento da fronteira foi meio traumático, porque o Chile é super cauteloso com a entrada de alimentos no país. Tínhamos grãos e vegetais na mala, não declaramos porque achamos que em quantidade pequena para consumo próprio não teria problema, mas nos fizeram deixar tudo e quase tomamos uma bela multa por isso. Fica a dica para não tentar entrar no país com comidas não industrializadas!

Santiago foi a nossa estadia mais longa, totalizando 1 mês - dentro desse período, fizemos um bate-volta nas vizinhas Valparaíso e Viña del Mar. Queríamos mesmo era ter ficado apenas 3 semanas em Santiago e outras 2 semanas no Atacama, porém os altos preços do deserto nos fizeram desistir rapidamente dessa ideia. Já se encaminhando para a reta final do mochilão, fomos de avião para a parte mais esperada da viagem: San Pedro de Atacama. Lá passamos 6 dias tão intensos que jamais esquecerei.

Finalmente, voltamos para Santiago e "dormirmos" no aeroporto. O próximo voo, de volta para Buenos Aires, saía às 6h da matina. O ideal teria sido voltar de Santiago direto para Florianópolis, mas compramos a passagem com ida e volta por Buenos Aires e, mesmo nossa tarifa sendo do tipo flexível, a alteração custaria em torno de mil reais. Como não compensaria, resolvemos voltar para BsAs, que tanto gostamos, e aproveitar nossos últimos 3 dias na capital argentina.
Mochilão tres meses América do Sul
Resumo do roteiro

Não vou falar sobre todos esses lugares agora para o post não ficar muito longo. Tenho várias informações, dicas, impressões, fotos e vídeos sobre cada cidade, então em breve vai ter muito conteúdo novo sobre o mochilão aqui no blog e lá no Youtube!

E qual foi o lugar que eu mais gostei? Impossível escolher apenas um, então vou destacar três:

- Para cidade grande: Buenos Aires. Santiago é excelente e tem algumas vantagens, mas a capital do tango parece ter uma alma própria e expressões culturais que podemos perceber em cada esquina. Realmente me conquistou!

- Cidade menor e tranquila: Mendoza. Vinhedos, olivícolas, praças quase vazias e a espetacular Cordilheira dos Andes logo ao lado são praticamente uma terapia diária. Apesar dessa cara de cidadezinha do interior, lá tem supermercados grandes como o Carrefour e uma ótima infraestrutura.

- Paisagens naturais fodas: San Pedro de Atacama. O deserto é louco, sem conforto, gratificante e parece outro planeta. É muito difícil descrever, por isso vou mostrar o máximo que puder nos próximos posts e vídeos!
Tour Geysers del Tatio San Pedro de Atacama
Geyser del Tátio, um fenômeno impressionante lá do Atacama que expliquei no Instagram do MdV

Como levar dinheiro, como economizamos e quanto custou

Para economizar, fizemos algo bem arriscado: levamos todo o dinheiro em espécie. Compramos os pesos argentinos no Brasil e levamos reais para comprar pesos chilenos em Santiago, onde a cotação é melhor. Como somos bem cuidadosos, não fomos roubados e não perdemos nenhum centavo. Abrir conta em bancos argentinos não é tarefa simples para turistas e aqueles Travel Cards cobram taxas que preferimos eliminar. A alternativa seria usar cartões brasileiros de débito ou crédito internacional, que cobram 6,38% de IOF, então acho que levar tudo em cash foi o melhor que podíamos ter feito mesmo. Também tínhamos o cartão de crédito para o caso de emergências, que felizmente não ocorreram. Para quem é um pouco mais conservador, uma boa opção pode ser levar uma parte do dinheiro em espécie e o restante em cartões. 

Alguns bancos oferecem serviços especiais (sim, com taxas) para saque em moeda local no exterior, vale a pena conferir onde você possui conta corrente. Vi várias agências do Itaú e Santander em praticamente todas as cidades que fui, então esses bancos podem ser boas opções para uma viagem como a minha.
Bancos brasileiros em Santiago no Chile
Avenida Apoquindo Oriente, em Santiago do Chile. Lembro que nessa avenida mesmo tinha uma agência grandona do Itaú!

Outra estratégia que nos ajudou a economizar bastante foi se hospedar por Airbnb - explico como funciona nesse artigo. Usávamos as cozinhas das casas onde ficamos para preparar a maioria das nossas refeições e, como estávamos em casal, o valor de quartos privados geralmente saía mais barato do que dormitórios em albergues. 

Quanto aos gastos propriamente ditos, vou fazer um post mais detalhado, mas já posso adiantar que gastei em torno de R$7.300 no total - em média R$2.434 por mês, incluindo todas as passagens (aéreas, de trem e de ônibus entre cidades), hospedagens, alimentação e passeios turísticos. Excluí desse valor alguns gastos pessoais como lembrancinhas, cursos e consertos que precisei fazer.

Algumas conclusões que tirei dessa viagem

- É muito fácil aprender espanhol. Não em um nível fluente, claro, mas o suficiente para conversar é tranquilo e até gostoso de falar. Eles usam umas expressões bem engraçadas :)

- Conhecer os países vizinhos é bom pra quem ainda não tem muita experiência e quer experimentar uma viagem internacional. É possível sair da nossa fronteira sem correr grandes riscos, porque o idioma e muitos hábitos são bem parecidos, estamos a poucas horas de distância de casa e o visto também é super facilitado dentro do Mercosul.

- Viajar por muito tempo é gostoso, mas bem cansativo se as estadias forem curtas. Ficar se mudando cansa por exigir carregar toda a bagagem, cruzar fronteiras, gastar várias horas (e dinheiro) com o deslocamento, se instalar na nova casa, pesquisar novas opções de hospedagens, passagens e etc.

- Todo brasileiro que curte viajar deveria visitar pelo menos uns dois países aqui da América do Sul. Eles são bonitos, com temperaturas agradáveis, oferecem ótimas opções de entretenimento e são mais baratos do que outros destinos populares entre os brazucas. Também é muito interessante ver hábitos parecidos com os nossos e ao mesmo tempo com suas peculiaridades.
Hábitos dos argentinos
Galera curtindo chimarrão e violão em um parque de Córdoba, na Argentina

Espero que esse resumão tenha conseguido passar pelo menos um pouquinho do quão incrível foi a viagem. Nas próximas semanas sairão os posts e vídeos de cada cidade e vou colocar os links neste artigo e também nas redes sociais do MdV. Fica de olho ;)

Se tiver alguma dúvida ou sugestão de qual lugar você quer que eu fale primeiro, deixa um comentário aqui embaixo. 

Um abração e boas viagens para nós!

Artigos relacionados a essa postagem:
Mochilão no Chile: quanto custa essa aventura
Buenos Aires: primeiras impressões
Passeio pelas montanhas da Cordilheira dos Andes em Mendoza


Se você curte os artigos do Mundo de Viajante, cadastre-se aqui para receber os próximos posts no seu e-mail. É gratuito e eu prometo que nunca enviarei nenhum spam!

Para não perder nenhum conteúdo, acompanhe-nos também pelo Twitter e Facebook.
Compartilhe no Google Plus

Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
    Comentar via Blogger
    Comentar via Facebook

4 comentários:

  1. muito bom..parabens.quero fazer isso um dia tambem

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Jansenfas :)
      Se organiza e vai, sim. É uma experiência única que se leva pra vida! Caso queira alguma dica, é só perguntar. Um abraço!

      Excluir
  2. Que viagem massa! Meu sonho fora do Brasil sempre foi a Itália, depois que realizei continuo querendo voltar a Itália rs rs Mas lendo seu post me despertou a vontade de me permitir conhecer destinos da nossa América do Sul que com certeza o custo é bem menor, penso muito no Peru, Machu Picchu em especial. Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que alegria saber que consegui despertar em vc uma vontade de conhecer a América do Sul, Samara :D Tenho certeza que você não vai se arrepender de passear aqui pelos nossos vizinhos! Tem MUITA coisa interessante pra ver e não precisa de tanto planejamento quanto uma viagem pra Europa, por exemplo. Esse lance de querer voltar pra onde gostamos bastante é tentador, sei bem como é, mas é bom cuidar pra não perdermos a oportunidade de conhecer outros lugares legais. Obs: Peru e Itália estão na minha lista <3

      Excluir

O que achou do artigo? É sempre gostoso ler as opiniões e contribuições de quem passa por aqui!
Se tiver alguma dúvida, leia a Política de comentários do Mundo de Viajante.