Sobre largar tudo para viajar sem pensar no amanhã


Quem acompanha o Mundo de Viajante sabe que eu sempre procuro mostrar o quanto viajar nos ensina e transforma em pessoas melhores. E já que eu realmente acredito nisso, busco incentivar o maior número de pessoas que eu conseguir a viajarem também. Por quê? Porque pessoas melhores fazem do mundo um lugar melhor :)
Por do sol no avião - Largar tudo para viajar
Pôr-do-sol visto da janela do avião... me diz de que outra forma é possível assistir a esse espetáculo!

Mas não me entenda errado! Quando digo que "viajar nos ensina e transforma em pessoas melhores", não quero dizer que quem viaja é mais sábio ou melhor do que quem não viaja. Nada a ver! A intenção é apenas comparar o quanto é possível crescer em relação ao que VOCÊ mesmo era antes. Esse crescimento te permite entender que o mundo é muito maior do que uma cidade ou um ciclo de amigos. Te faz ver o quanto você é pequeno em relação à grandeza e beleza desse planeta, encarando isso de uma forma positiva. Te obriga a questionar tudo aquilo que você acreditava, várias vezes, até ter a certeza de que você não pode ter certeza de nada.

É por isso que muita gente não resiste à tentação de largar tudo para viajar. Porque esse aprendizado contínuo e as emoções agregadas às viagens simplesmente viciam.

Aí tem uma galera que resolve passar um ano sabático, fazer uma volta ao mundo ou, até mesmo, virar nômade digital, pra não precisar parar nunca mais. Esse é o meu caso! Até já contei como foi o primeiro ano depois que pedi demissão e como me tornei nômade digital.

Agora o que quero deixar bem claro nesse artigo é que estou plenamente ciente de que viajar tem suas implicações. Mesmo estando 100% convencida de que essa foi a melhor coisa que poderia ter feito na minha vida e que dezenas de pessoas que estão me lendo agora deveriam fazer o mesmo, entendo que, infelizmente, NÃO é todo mundo que pode. Aliás, há quem nem goste ou não queira viajar, mas isso é assunto pra outro post...

Quem REALMENTE talvez não possa

- Quem tem alguma doença grave ou cuida de alguém que tenha.
- Quem é responsável financeiramente por outras pessoas que, por algum motivo, não tem como se sustentarem sozinhas.
- Quem vive em uma situação tão precária que não tem nem acesso à internet pra poder buscar informações básicas ou alternativas.
- Devem ter outros casos aqui que eu não lembro agora.

É importante lembrar que não considero essas pessoas como coitadas, ou menos felizes, ou menos sábias por não poderem viajar. Elas também têm sonhos realizados, experiências de vida que as ensinam lições diárias e grandes emoções. E outra: elas podem aproveitar sua cidade, fazer viagens pelo Brasil e alcançar todo aquele crescimento que falei lá em cima se relacionando bem com as pessoas, lendo ou de outras N formas. É apenas um caminho diferente.

Quem quer viajar e ACHA que não pode

Aqui está a maioria das pessoas...

Alguns, simplesmente, acham que é um bicho de sete cabeças. Para esses, eu escrevo com todo o prazer e faço o que estiver ao meu alcance pra acender aquela luzinha no fim do túnel, mostrando que viajar não é tão caro nem tão difícil quanto parece.

O problema é quando a pessoa lamenta que não pode, só que na verdade poderia e não consegue porque não se esforça. Diz que não tem dinheiro, mas nem sabe quanto custaria uma viagem. Enquanto não descobre, vai gastando em baladas e restaurantes caros todo fim de semana, estoura o limite do cartão de crédito com as últimas roupas e eletrônicos que foram lançados e não sabe poupar ao menos a luz e água em casa. Se você está incluso nesse grupo, por favor, acredite em mim: viajar vai te fazer incomparavelmente mais feliz do que qualquer uma dessas outras coisas. Você também não precisa ser extremo e parar todos aqueles hábitos, mas diminuir a frequência já ajuda bastante.

Posso afirmar sem exitar porque já fui consumista, festeira e já desejei muitos bens materiais. Mas hoje, depois de tudo que vivi viajando, nada disso faz muito sentido. Claro que quem tem muita grana pode fazer tudo, mas não é o caso de, sei lá, 90% da população brasileira. Para juntar dinheiro para sair pelo mundo, eu ando de ônibus o quanto for preciso, não tenho vergonha de tirar fotos com as mesmas roupas, cozinho, pesquiso preços, peço descontos, procuro alternativas. E garanto: vale MUITO a pena! Então, antes de reclamar que você não tem dinheiro, pare pra pensar se realmente não tem, ou se apenas não está usando ele da melhor forma.

Sobre largar tudo para viajar sem pensar no amanhã

Tá mais do que claro que eu sou a favor de sair mundo afora. Se precisar largar tudo, largo mesmo e, se bobear, já até fiz isso e não me dei conta. Acho que temos que viver intensamente sim, mas não como se não houvesse amanhã. Se você quer fazer uma viagem de férias e acha que na volta não vai ter dinheiro para pagar as contas do mês, não vá! Organize-se melhor e, quem sabe, nas próximas férias dá pra ir. Aqui nesse post dei várias dicas de como economizar e falei que tudo pode ser mais barato do que parece, mas cada um tem que conhecer a sua situação financeira.

Falando nisso, aproveito pra esclarecer que não sou e nunca fui rica. Também não recebi ajuda de amigos ou familiares para custear as minhas viagens. Então, se você não é rico e não tem nada disso, nem tudo está perdido! Paguei cada centavo com dinheiro economizado do meu salário e, pelo menos até começar a viajar, nunca recebi mais do que R$1.200 por mês. É verdade que nunca precisei ajudar financeiramente em casa e que, enquanto eu quiser, minha mãe vai me deixar morar com ela. Aliás, comentei antes que virei nômade digital porque posso trabalhar de onde quiser através da internet, só que quando deixei a China voltei para a casa da mamis. Assim posso economizar enquanto planejo a próxima viagem ou uma emigração definitiva. Esse é o meu jeito de viajar E pensar no amanhã ao mesmo tempo.

Tem gente que diz: ah, mas "se jogar no mundo" sabendo que tem pra onde voltar é muito fácil! É mais fácil do que se eu não pudesse contar com essa opção, admito. Mas já vi umas tantas histórias de pessoas que saem só com uma barraca nas costas e vão vendendo brigadeiro pelo caminho para se sustentarem, ou que trabalham em hostels em troca de hospedagem, que resolveram morar em uma Kombi (fiz uma entrevista com eles aqui!) pra ter o mundo como quintal, que trabalham em cruzeiros, que passam um tempo indeterminado em comunidades de fazendas orgânicas em vários países (WWOOF) e etc. Muitas dessas pessoas não tem e nem querem ter um lugar pra voltar. Talvez elas também não pensem no amanhã, mas eu não as culpo por uma só razão: o hoje delas é bom demais para se preocuparem com o futuro.


Abraços e boas viagens para nós!

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Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
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