Uma volta de Kombi pela América do Sul


Já imaginou se você pudesse escolher um lugar diferente para acordar todos os dias? E o melhor: sempre no conforto da sua casa! Parece impossível, mas foi exatamente o que a Daniela e o Rodrigo fizeram.

O casal transformou uma Kombi em lar e os três embarcaram numa inspiradora aventura pela América do Sul. O objetivo do projeto “Uma volta de Kombi” é percorrer 35.000 km, sem data de término, contando com 12 países como quintal.

Engana-se quem pensa que um dia eles acordaram e a Kombi estava ali, prontinha, esperando por eles na garagem. Preparar tudo levou tempo e dinheiro. O casal trabalhava de segunda a segunda, como (ou muito mais do que) muita gente por aí. Mas o sonho de conhecer de perto todos os lugares espetaculares dos quais tinham ouvido falar era muito grande pra ser deixado de lado (mais detalhes sobre a decisão de partir aqui). Eles encararam os desafios, encheram o tanque e se despediram da galera.


Nômades digitais na América do Sul

1.      Como a família e os amigos reagiram quando vocês contaram a ideia da viagem?

Quando contamos tivemos a sorte de todos nos apoiarem, mas isso não quer dizer que entendiam. Quando você tem um plano, às vezes pode ser difícil para outras pessoas enxergarem como você. Da mesma maneira que a vontade de viajar e todo esse nosso projeto teve um tempo para amadurecer em nossa mente, todos que nos certavam também precisaram desse tempo de amadurecimento. Quando saímos e todo nosso plano virou realidade, foi mais fácil para eles compreenderem o que ralmente estávamos fazendo.

2.      Há quanto tempo vocês estão na estrada?
No dia 30 completamos 8 meses em pé na estrada com o Projeto Uma Volta de Kombi vivendo em nossa Kombinet. Nesses mais de 240 dias, já conhecemos 5 países diferentes, passamos por muitas fronteiras, fizemos muitos mas muitos amigos, que sempre lembramos e sentimos muita saudade.

3.      Quais foram as maiores aventuras que vocês vivenciaram até agora com a Kombi?
Viajar com a nossa Kombinet é viver uma Aventura. Já dormimos ao pé de Montanhas, Bosques, Praias e Ruínas. Já estivemos ao nível do mar e já estivemos a mais de 4600 metros. Cozinhamos e nos duchamos em lugares que mesmo planejando a viagem, jamais poderíamos imaginar. Além da rotina ser grande parte da diversão, tem os casos como por exemplo o Dia que tentamos dormir no Parque Nacional del Paine e pegamos ventos que balançaram a Kombinet ou como agora a poucos dias, dormimos em uma rua e quando acordamos estávamos em meio a feira de artesanato dominical da cidade de La Paz.

Nômades digitais na feira de La Paz

4.      E as maiores surpresas?
Os Amigos e que o Mundo é mais Bom do que Mal. Sabíamos que iriamos conhecer pessoas bacanas mas jamais poderíamos imaginar o quão profundo seriam essas amizades que faríamos no caminho. Às vezes nos perguntamos como podemos passar tão pouco tempo com uma pessoa fazer um laço tão intenso, uma conexão tão forte e a falta que essas pessoas fazem em nossa vida. O que nos leva a segunda surpresa, recebemos muito apoio e solidariedade por onde passamos. Estamos acostumados a ver tanta noticia ruim sobre tudo que podemos nos pegar pensando se realmente vale a pena. Nós dizemos que vale sim. Até agora a viagem só nos presenteou boas pessoas ou “buena onda” como dizemos aqui.

Nômades digitais na América do Sul

5.      Como vocês fazem para ter acesso à internet enquanto viajam?
Esse é um ponto muito importante pra quem quer como nós ter um Blog e manter ele, o Facebook, o Instagram, o Twitter, tudo atualizado. Boa parte do nosso acesso é através da #wifiamiga. Essa é aquela rede de internet wifi no qual algum estabelecimento ou pessoa nos da a senha de acesso. Muitas vezes paramos o carro e ligamos a wifi, vemos qual é o sinal que tem mais perto e vamos pedir a senha. No Uruguai, Argentina e Chile era fácil, nesses países muitas das praças e locais públicos contam com acesso a Internet Livre. No Peru e na Bolívia se tornou mais complicado, no Peru compramos um Chip pela primeira vez e pagamos 30 Soles (como R$ 30,00) para um mês de Internet ilimitada, aqui na Bolívia sai 50 Bolivianos (como R$ 25,00) por 1000Mb assim temos que moderar no uso e sempre seguimos como primeira opção, a #wifiamiga. Mas o que posso dizer é que está cada vez mais fácil ter acesso e até o menor pueblo tem um Lan House por aqui.

6.      Desculpa, mas sou obrigada a perguntar sobre a parte financeira…
Pode perguntar sem problema porque uma das partes mais importantes do projeto é como ter recursos para poder executar e um dos motivos de ter o Blog e escrever sempre é mostrar que é possível se viver um sonho.

- Quanto custou preparar a Kombi para esse projeto? 
Temos a Kombi a mais de 8 anos, temos muitas histórias com ela e quando pensamos na viagem, ir com ela seria a decisão lógica. Mas ela estava parada a 5 anos, muito enferrujada com buracos por todos os lados. Fizemos uma reforma geral, e nesta fase conseguimos os primeiros apoiadores do projeto e com eles realizamos muito mais. Começamos pela Chapa e Pintura, o Renato Tintas nos deu o Material. Fizemos o motor e montamos a elética na Carbat Faróis, depois levamos a Kombi para colocar as películas na Casa das Películas. Nesta fase gastamos em torno de R$12.000. Tem toda a história no blog e porque escolhemos ela. A Kombi estava pronta, mas não estava adaptada, então levamos na Victória Motor Homes, uma empresa de Motorhomes que tem uma versão pra Kombi e foi lá que nasceu propriamente a nossa Kombinet. A Geladeira conseguimos através do apoio da Elber e o Climatizador da Resfriar, duas empresas que são referencia nesses produtos e hoje dizemos    que esses dois itens fizeram muito a diferença em nossa rotina. Para transforma-la em Kombinet investimos mais cerca de R$30.000 pois contamos com esses apoios. Entre peças, reforma total e preparação investimos cerca de R$42.000,00.
Reforma da Kombinet - antes e depois
- Como vocês se mantém financeiramente durante essa viagem?
Contamos no nosso sitem como chegamos aqui, mas resumindo vendemos tudo que adquirimos em 10 anos de relacionamento e investimos quase que a totalidade em nossa Kombinet. Saímos com uma reserva, mas sabíamos que pelo caminho teríamos que gerar receita. Então quando estávamos no Chile encontramos o que procurávamos. Hoje trabalhamos em tempo integral como bloggers e fotógrafos, mas nos mantemos com a venda de Postais. Uma das coisas mais legais de viajar é comprar postal e enviar para quem não foi junto. Então estamos fazenddo uma série que mostra a nossa Kombinet, que é o símbolo de nosso sonho, de nosso projeto e de nossa vida nesse momento, por lugares incríveis por onde já passamos. Mas não vendemos só o postal como vendemos a história por trás das fotos. Os postais não tem um preço fixo, é um aporte voluntário, assim cada pessoa que compra paga aquilo que julga ser o que pode e o que quer. Hoje vendemos por onde vamos, mas logo terá novidades sobre isso no nosso site.

7.      Depois de terem transformado completamente sua rotina e estilo de vida, como vocês se imaginam depois que os 35.000 km forem percorridos? Voltar a habitar casa e escritório fixo é uma alternativa ou é mais plausível partir rumo a “Outra volta de Kombi”?
Tudo é possível. Sempre falamos que essa é uma viagem só de ida primeiro porque faz um contorno e depois que acreditamos que sempre que alguém sai para uma viagem longa assim ou simplesmente sai de casa para seu trabalho nunca volta igual. Então, um passo de cada vez, antes de começar a pensar em uma próxima Uma Volta de Kombi, escolhemos viver essa em sua plenitude.

8.      Qual conselho vocês dariam para quem deseja seguir o mesmo caminho de vocês?
O Rodrigo tem uma frase que diz assim “Tudo aquil que imaginamos é possível, pois o que é impossível jamais poderíamos imaginar”. Então primeiro acredite e depois trabalhe pra isso. Não é fácil, mas não é impossível. Só vai depender de você. Terá momentos em que terá que fazer escolhas e nem sempre são fáceis, mas são necesárias. Você nunca estará com tudo pronto, por isso escolha uma data e saia para viajar. Pode parecer um monte de frases clichês mas é verdade. E por último, se você também quer cair na estrada como nós, que o destino trate de nos juntar em alguma curva dessa vida!

Kombi adaptada para nômades digitais

Kombi adaptada para nômades digitais

Paisagens da América do Sul

Paisagens da América do Sul


Quem quiser saber mais sobre Uma volta de Kombi, basta passear pelo site e Instagram do projeto.

Se você também concorda que a Daniela, o Rodrigo e a Kombinet são um exemplo para quem quer uma aventura nômade do tamanho da América do Sul para chamar de sua, compartilhe essa história através do Facebook ou Twitter!


Abraços e boas viagens para nós!

Artigos relacionados a essa postagem:
Sobre largar tudo para viajar sem pensar no amanhã
O primeiro ano depois que pedi demissão: como me tornei nômade digital
Mochilão no Chile: quanto custa essa aventura
Mochilão na Argentina e no Chile: resumão de 3 meses de descobertas pela América do Sul

Se você curte os artigos do Mundo de Viajante, cadastre-se aqui para receber os próximos posts no seu e-mail. É gratuito e eu prometo que nunca enviarei nenhum spam!

Para não perder nenhum conteúdo, acompanhe-nos também pelo Twitter e Facebook.


Compartilhe no Google Plus

Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
    Comentar via Blogger
    Comentar via Facebook

0 comentários:

Postar um comentário

O que achou do artigo? É sempre gostoso ler as opiniões e contribuições de quem passa por aqui!
Se tiver alguma dúvida, leia a Política de comentários do Mundo de Viajante.