Como viajar de graça


"Tudo que eu queria era poder viajar, mas infelizmente não posso porque não tenho dinheiro". Conhece essa história?

Não vou negar que viajar pode custar caro e, muitas vezes, isso é um dos principais motivos que me impedem de partir. A boa notícia é que é possível viajar de graça, sim! E essa façanha pode ser conseguida de diferentes formas.

Viajar de graça


Algumas estratégias são fáceis e trabalhosas, já outras exigem bastante planejamento e alguns requisitos específicos, mas oferecem excelentes benefícios. Tudo vai depender dos seus objetivos, do seu perfil de viajante e da sua flexibilidade.

Confira algumas opções que separei e identifique qual é mais adequada para você! Dos estudantes universitários até aqueles que não querem estudar nem trabalhar, todos podem ter o seu lugar ao sol:

Bolsas de estudo no exterior

As bolsas de estudo integrais são a melhor forma de viajar sem gastar nadinha. Através delas, o governo ou a instituição que estiver patrocinando simplesmente te dá um dinheiro suficiente pra cobrir sua passagem (sim, inclusive as internacionais caríssimas, como para a Nova Zelândia), moradia, alimentação e, claro, todos os gastos com os estudos. No caso do programa Ciência Sem Fronteiras, por exemplo, se você for econômico, sobra até uma graninha para viajar felizão de turista. Ou seja, além de estar "viajando" - ou morando no exterior, o que considero melhor ainda - completamente de graça, você ainda dá um upgrade no currículo e ganha uma experiência de vida única.

Como não gosto de iludir ninguém, já deixo claro que não é muito simples conseguir uma oportunidade dessas. O assunto é longo e merece um post só para ele. Mas, resumindo, os requisitos principais envolvem teste de proficiência em língua estrangeira, boas notas em exames como GMAT ou GRE e um bom desempenho acadêmico. Alguns programas que oferecem essas bolsas são o Erasmus, CheveningOrange Tulip, que já expliquei em outro artigo aqui no Mundo de Viajante. Além desses, existem dezenas de outras opções. Pesquise com carinho! Inscrever-se no Scholarship Positions também é bem legal para quem está interessado no assunto, porque volta e meia eles mandam e-mail com um compilado de oportunidades de bolsas de estudo no mundo inteiro. Tô inscrita lá :)

Edital de Intercâmbio do Ministério da Cultura

Esse programa é mais voltado para profissionais que trabalham com projetos culturais: "Artistas, técnicos, gestores culturais, empreendedores criativos, mestres dos saberes e fazeres populares ou tradicionais e estudiosos da cultura, individuais ou em grupo, podem obter apoio do Ministério da Cultura para participar de eventos, festivais, cursos, produções, pesquisas, residências, feiras de negócios e outras atividades culturais, no Brasil ou no exterior."

Esse apoio pode chegar a R$ 6 mil, cobrindo todos os gastos da viagem e inclusive algum curso de até 3 meses! As inscrições estão abertas até 8 de outubro. Leia o edital e mais informações no site oficial do programa.



Mas eu não quero/posso estudar ou participar de editais! Tem alguma outra opção pra mim?


Tem sim, muitas outras \o/

A maioria delas faz parte do turismo colaborativo, uma nova forma de viajar em que as pessoas conseguem acomodação, alimentação, transporte e passeios turísticos de graça ou por valores muito abaixo do mercado. Se ainda não está por dentro do tema, recomendo fortemente que leia esse artigo e aposto que um mundo de possibilidades vai se abrir para você.

Bom, partindo do princípio de que você não vai receber nenhum auxílio financeiro como os que mencionei acima, é necessário pensar em como suprir as necessidades básicas durante a viagem. Para isso, há basicamente duas opções:

1. Contar com a bondade alheia em todas as instâncias. Isso significa pedir comida, hospedagem, carona e tudo o mais que for necessário às pessoas que você encontrar pelo caminho. Ou, ainda, dormir ao relento (ou em barracas), colher alimentos das árvores, vasculhar lixeiras de supermercados em busca de alimentos lacrados que acabaram de passar do prazo de validade e por aí vai. Conheço gente que faz isso e adora, considerando essa prática uma grande aventura e até mesmo um estilo de vida. Apesar de não ter absolutamente nada contra, não é um estilo de viagem que me atrai. Acho arriscado, desconfortável e muito limitante.

2. Combinar várias opções de turismo colaborativo e achar um jeito de trocar trabalho pelo que você precisa. Gosto tanto dessa ideia que vou desenvolvê-la em detalhes abaixo.


  • Hospedagem gratuita com refeições inclusas

Worldpackers é uma plataforma incrível que conecta hostels, resorts e pousadas a viajantes dispostos a trabalharem em troca de alimentação e um quarto. A carga de trabalho gira em torno de 25 horas por semana e normalmente é oferecido café da manhã e jantar. Alguns locais também permitem que o viajante use a lavanderia, TV e outras facilidades da casa. O trabalho solicitado é bem flexível, podendo abranger auxílio na recepção, cozinha e limpeza, ou em atividades mais especializadas, como desenvolvimento web, mídias sociais e até ensino de língua estrangeira.


O WWOOF - World Wide Opportunities on Organic Farms - também é bem interessante pra descolar acomodação e todas as refeições na faixa, só que você precisa curtir fazendas e um dia-a-dia mais simples. Assim como o Worldpackers, aceita diversos tipos de hóspedes trabalhadores e tem MUITAS fazendas vinculadas, tanto no exterior quanto no Brasil.

Outra opção, que provavelmente você já conhece mas nunca analisou de perto, é trabalhar em cruzeiros. Tá certo que é puxado e você fica meio preso ao navio, mas pensa comigo: comida boa, hospedagem garantida e eles ainda te pagam (bem) pra isso! Além de poder conhecer gente do mundo todo e desembarcar em alguns locais onde o navio ancora, ainda dá pra fazer uma bela poupancinha, porque suas despesas serão praticamente nulas. Muitos cruzeiros nem exigem que o funcionário fale uma segunda língua ou tenha experiência específica. Vale a pena pensar a respeito ;)


  • Transporte gratuito (ou barato)

a) Por terra: de gratuito mesmo, as formas que conheço são as tradicionais: caminhar, ir de bike ou apontar o bom e velho dedão. O pessoal do O Bonito do Caminho, por exemplo, fez altas trip de bicicleta pela América Latina, com direito a levar a cadelinha e tudo! Fora essas, há alternativas não gratuitas, porém baratinhas, como os sites de pegar carona. O link ali é focado na Europa, com sites que experimentei, mas sei que no Brasil também tem alguns como o Carona Brasil e o Tripda.

b) Por ar: voe de graça pegando carona em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB)! haha legal, né? Para isso, é necessário se inscrever no CAN - Correio Aéreo Nacional - de onde deseja embarcar e verificar a possibilidade de vagas. É gratuito porque o itinerário inclui apenas rotas que os aviões precisam fazer por causa de determinadas missões e, em alguns desses voos, sobram assentos, que eles resolveram disponibilizar pra comunidade. Veja mais detalhes no site da FAB! Usar o overbooking ao seu favor é mais uma chance de conseguir passagem aérea de graça. Como? É mais ou menos assim: compre passagens para voos que têm grande chance de lotar, tipo os de início e fim de feriado em trechos populares. Caso a cia aérea tenha vendido mais tickets do que o número de assentos disponíveis - uma prática bem comum - e faltem lugares, você se voluntaria para pegar o próximo voo. Em troca, a empresa te beneficia com um "vale-passagem-aérea" para uma próxima viagem dentro de um ano. Nunca viajei dessa forma, mas pretendo! Tirei essa dica do Vagamundagem, onde o Gustavo explica melhor essa "técnica" do overbooking.

c) Pelo mar: além de trabalhar em cruzeiro, como falei ali em cima, talvez role pegar uma carona de barco. Confesso que até então só vi dar certo entre conhecidos, mas vaaai que, né? :)



  • E o resto?

Pode ser que falte comida, que você precise usar uma lavanderia, que queira ir a alguma atração turística paga ou, até mesmo, necessite comprar algo. E aí, como fazer?

Trabalhar na estrada sempre é uma opção. Se for num restaurante, talvez eles te deixem lavar louça em troca de um prato de comida. Caso prefira dinheiro mesmo, tente vender alguma coisa. Pode ser algo típico da sua cidade, algum artesanato que saiba fazer ou o seu trabalho mesmo. Vale tocar/cantar/dançar na rua, se oferecer pra cortar grama ou pintar a casa de alguém. Seja criativo! Lembra o pessoal do O Bonito do Caminho? Eles vendem plaquinhas de bicicleta. Já o casal do Uma volta de Kombi vende cartões postais com fotos personalizadas.

Note que viajar de graça é um pouco diferente de viajar sem dinheiro. Ou seja, mesmo pretendendo colocar o pé na estrada com um plano traçado para fazer tudinho de graça, nada impede que você leve uma reserva financeira para imprevistos ou emergências. O que, aliás, é indicado em qualquer tipo de viagem.


Ok Mayumi, há muitas opções, mas acho que isso não é bem pra mim...


Como você viu, viajar sem gastar um tostão é difícil e não é pra qualquer um. Embora eu me considere muito econômica e razoavelmente aventureira, viajar de graça não é pra mim. O que considero ideal é cortar o máximo onde der e se permitir gastar com o que vai fazer muita falta caso você abra mão. Se concorda comigo, dê uma olhada nas dicas de como faço para economizar para viajar e para viajar barato.


E é isso! Espero que depois dessas alternativas que compartilhei, a parte financeira não seja mais um grande empecilho para suas viagens. Se você conhece mais ideias que possam ajudar ou se ficou com alguma dúvida, comenta aqui embaixo ;)


Abraços e boas viagens para nós!

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Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
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2 comentários:

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