Intercâmbio na Irlanda


Que intercâmbio é uma das melhores formas de aprender um novo idioma e conhecer outra cultura, todo mundo já sabe. E mesmo pra galera que já é fluente nas línguas que deseja, cursar faculdade ou pós no exterior também é uma excelente opção. Só que a partir do momento em que alguém decide de fato fazer intercâmbio, uma série de dúvidas começam a surgir: qual é o melhor país? Quanto tempo é o ideal? Onde se hospedar? Quanto vou gastar?

A verdade é que, mesmo que você faça escolhas erradas, dificilmente vai se arrepender :) Morar e estudar fora, ainda que apenas por um curto período de tempo, é simplesmente incrível! Sempre quando paro pra rever as fotos e lembrar do meu intercâmbio, percebo que foi um sonho realizado, no qual eu podia chamar a Irlanda de casa.

Agora vou contar um pouco sobre como foi a minha experiência, de acordo com aquelas dúvidas que listei ali em cima, pra dar uma clareada nas ideias de quem quer fazer algo similar mas está meio perdido.
Ha'penny Bridge no Rio Liffey em Dublin - Intercâmbio na Irlanda
Ponte Ha'penny no Rio Liffey que corta Dublin, a charmosa capital da Irlanda

Por que eu escolhi a Irlanda

Na verdade foi a Irlanda que me escolheu! haha... Foi assim: quando fiz um daqueles programas Work & Travel nos Estados Unidos, participei de uma promoção e ganhei uma bolsa para aprender inglês em Dublin! Como nem tudo é perfeito, a bolsa só cobria a escola, então tooodo o resto ficou por minha conta. Não estava planejado e não foi muito barato, mas era o empurrãozão que eu precisava pra finalmente ir conhecer a Europa. Claro que eu dei um jeito!

Mas como escolher para onde ir? Considerando que você não ganhou nenhuma bolsa, seu leque de opções é bem grande. Para se decidir, é importante ter em mente que não existe o melhor país para fazer intercâmbio. O lugar que foi perfeito para uma pessoa, pode não ser bom pra você. E já que a maioria dos países têm atrativos difíceis de enumerar, separei alguns critérios bem objetivos que considero essenciais para analisar na hora de decidir: necessidade e tempo de permanência dos vistos, permissão para trabalhar, localização geográfica, comprovação de renda e, claro, custos - veja mais detalhes no tópico "Como calcular os custos", lá embaixo. Também é legal tentar incluir países não convencionais na sua pesquisa, vai que é mais barato e interessante?! Por exemplo, se o objetivo é aprender inglês, talvez Malta ou a África do Sul possam ser boas opções. Caso já tenha um inglês razoável, você pode optar por fazer um curso técnico ou superior ministrado em inglês mas em um país de outra língua nativa, como a Espanha. Aí já melhora a fluência do inglês e ainda tem o espanhol de brinde! 


Como eram as aulas

Antes de sair do Brasil, cursei inglês por 3 meses (2 horas por semana) e meu nível era avançado. Porém, quando fiz o teste de nivelamento para esse curso em Dublin, fiquei no intermediário. É legal ressaltar que mesmo estando teoricamente em um nível abaixo ao que eu tinha no Brasil, as aulas na Irlanda eram muito mais puxadas. A abordagem era diferente e eu sempre me deparava com muitas palavras novas.

Estudei na Eden School of English e gostei, mas sei que não está entre as melhores escolas de Dublin. Normalmente o professor trazia um tema para a aula e fazíamos discussões e atividades relacionadas, sem seguir um livro. O "material didático" eram várias folhinhas xerocadas, entregues a cada aula. Muitas vezes havia homeworks, incluindo interpretações de textos e pesquisas simples. As aulas eram de segunda a quinta-feira, 4 horas por dia. Sobrava bastante tempo pra passear pelas belas ruas de Dublin...
Uma das principais ruas do centro de Dublin

Duração do intercâmbio

A bolsa que ganhei cobria apenas 4 semanas de aula, então foi o que eu fiz. É suficiente para ficar fluente em inglês? Não. Mas vale a pena investir em um intercâmbio (de idiomas) de apenas 1 mês? Com certeza. Com base no meu caso, eu diria que um curso de 1 mês no país nativo da língua em questão equivale a uns 6 meses ou mais de estudo no Brasil. Tenho amigos que estudaram inglês no nosso país por mais de um ano e ainda não se sentem à vontade para conversarem nessa língua. Apesar de já ter estudado um pouco de inglês no Brasil e trabalhado por 3 meses nos Estados Unidos, esse intercâmbio na Irlanda foi o que fez o meu inglês deslanchar de fato. Além das aulas em si, fazer amigos estrangeiros e viajar sozinha pela Europa foram fatores que me deram a confiança que eu precisava pra soltar o verbo.

E pra quem tem nível básico ou zero de inglês, quanto tempo é necessário? Alguns especialistas dizem que se leva de 9 meses a 1 ano para alcançar uma certa fluência. Claro que isso depende do quanto o estudante se dedica, pratica e possui facilidade com a língua. Mas caso ficar esse tempo todo não seja uma opção, acho que o que você conseguir é lucro: 6 meses, 3 meses, 1 mês... Não vai ser o bastante, porém vai dar um belo up para você alcançar a fluência mais rapidamente de outras formas depois.

A galera que quer fazer um curso superior está sujeita à duração do curso. Para essa modalidade de estudo, é possível renovar o visto por até 7 anos na Irlanda! Imagina que delícia! Ah, e já que estamos falando sobre investir em ensino superior fora, não custa lembrar das excelentes opções do Canadá, que podem te garantir permissão para residência permanente.


Hospedagem

As alternativas que as escolas e agências costumam oferecer são casas de família ou moradia estudantil, podendo ambas ser em quarto individual ou compartilhado. Claro que essas são opções caras e as instituições não sugerem nada mais em conta porque elas ganham comissão dali. Acontece que você não é obrigado a ficar onde eles querem e pode economizar uma bela grana com hospedagem.

Na época do intercâmbio eu ainda não tinha tanta experiência com viagens e não conhecia muitas das alternativas que indiquei no link ali de cima. Mesmo assim, vi que não compensava ficar em moradia estudantil e muito menos em casa de família (€€!). Além do preço por noite sair bem mais caro do que em um hostel, eu não teria flexibilidade para viajar sem ter que pagar acomodação em duplicidade. Minha estadia total na Europa foi de 5 semanas, sendo que 4 delas eu passei em Dublin, mas apenas durante a semana. Em todo o resto do tempo, optei por viajar.

Aí decidi passar essas 5 semanas como nômade mesmo, em hostels. Fiquei a maior parte do tempo no Backpackers Citi Hostel, que foi o mais barato que encontrei - apenas €8 por noite! Tá certo que o preço justificava as desvantagens: chuveiro horroroso e banheiro e cozinha sujos. Pelo menos a localização era muito boa e foi lá que conheci um pessoal gente boa :D
Galera da França, Colômbia e Guadalupe (uma ilha do Caribe!)
Cozinhamos e fomos a uns bares juntos... rolou até uma despedida quando vim embora :)

Também me hospedei no Abigail's Hostel, muito melhor que o Citi Hostel. Tinha café da manhã incluso, era incomparavelmente mais limpo e confortável. Só era um pouco mais caro: €12/noite durante a semana e €15 nos sábados e domingos.

Só pra você ter uma ideia de quanto sairiam as opções da agência e da escola, lá vão os preços:

  • Quarto duplo em apartamento, pra dividir com outra estudante (indicado pela agência): €480 para 4 semanas + €100 de taxa de acomodação. Ficaria €20,71 por dia.
  • Quarto compartilhado na moradia estudantil (indicado pela escola): €95 por semana + €50 de taxa de serviço + luz e internet. Sairia €15,35 por dia + despesas variáveis, rateando a taxa para 4 semanas.
  • Casa de família, com algumas refeições inclusas:  €50 de taxa de serviço mais pagamento semanal. Quarto individual era €190 por semana (€28,92/dia, incluindo a taxa). Quarto duplo ficava €170 por semana (€26,06/dia, com a taxa dividida em quatro semanas).

Tá certo que casa de família tem uma vantagem, que é a interação integral com uma família local. Além de me darem várias dicas da cidade, eles ainda ajudariam a praticar o inglês. Porém, como a questão financeira é geralmente algo que define se você vai ou não fazer o intercâmbio, toda a forma de economia é válida, certo?


Como calcular os custos

Bom, a hospedagem não tem segredo: escolha a opção que você preferir e veja quanto sairá o total. Lembre-se que a diferença de preço de €3 por dia pode parecer pequena, mas multiplicada por vários dias, vai fazer toda a diferença.

A minha passagem aérea Floripa-Dublin-Floripa saiu por uns R$2.800, já com taxas extras para parada em Paris na ida e Amsterdam na volta (fica a dica do stopover!). Claro que esse valor pode variar bastante dependendo da cia aérea e época da viagem, ou sair bem mais barato caso role alguma promoção. Inclua no orçamento também as passagens aéreas, de trem ou de carro para outras cidades ou países, caso já tenha viagens previstas.

Seguro de viagem, não sei se você sabe, é obrigatório na Europa. Pode ser que a pessoa vá sem e não aconteça nada, mas pode ser que eles barrem na imigração ou apliquem uma multa a qualquer momento da viagem caso descubram que o turista não tem seguro. A seguradora mais barata que encontrei na época foi a Assist Card, por R$40 para cada semana, na modalidade mais simples. Imagino que já tenha tido um belo reajuste.

Nem preciso dizer que alimentação pode variar completamente, né? Se você come muito, pouco, gosta de pratos mais sofisticados ou cozinha no hostel. Mas vamos lá: a média de preços em Dublin é de €10 para refeições em restaurantes e uns €5 para comida de rua.

Quanto aos passeios turísticos, é possível pesquisar e até comprar alguns ingressos com antecedência.

Um site que acho bem interessante pra ter uma noção de preços é o Expatistan, que compara preços entre cidades para alimentação, moradia, compras e outros tipos de despesas. Antes de fechar seu orçamento, não deixe de olhar essas dicas que separei para ajudar a economizar com passagem aérea, alimentação, hospedagem, passeios turísticos, transporte e muito mais: aqui e aqui. Ainda sobre economizar, pra quem tem dificuldades de encher o porquinho, essas 14 dicas de como fazer a sua grana render podem ajudar bastante ;)

Informações extra sobre Dublin e a Irlanda

Antes do meu intercâmbio, dois sites bem completos que me ajudaram bastante a obter informações sobre Dublin e a Irlanda foram o e-dublin e o blog Vida na Irlanda. Recomendo!

Eu felizona no Citi Hostel tirando fotos com uns brasileiros que conheci lá


Espero que agora o assunto "intercâmbio" não esteja mais tão nebuloso na sua cabeça, e que você comece a planejar o seu logo!

Abraços e boas viagens para nós.


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Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
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