Ser freelancer para viajar pelo mundo trabalhando é uma boa ideia?


Tem gente que ama tanto viajar que não se contenta com 30 dias de férias durante o ano. E como simplesmente deixar de trabalhar não é uma opção viável para a maioria dos meros mortais, uma alternativa vem ganhando força: ser freelancer, para poder viajar pelo mundo trabalhando ao mesmo tempo.
Indo embora da China


O que é ser freelancer?

Resumindo bastante, é ter trabalhos temporários, ou freelances, que não necessariamente lhe prendem a um único lugar.

Há dois tipos de freelancer: presencial e digital - um sinônimo de nômade digital. O presencial geralmente é aquele cara multi-cargo que realiza alguma atividade comum em diversos locais: garçom, recepcionista, auxiliar de cozinha e por aí vai. Já o freelancer digital, busca projetos que possam ser feitos de forma inteiramente virtual, necessitando apenas de seu notebook e internet. Exemplos de projetos assim: tradução, desenvolvimento de sistemas, ensino de línguas estrangeiras, vendedor de produtos digitais e muitas outras opções. Upwork* é uma das principais plataformas para encontrar ofertas como essas e é a que eu uso.

O freelancer digital tem algumas grandes vantagens em relação ao presencial:
- Seus projetos não estão limitados à cidade onde ele está;
- É mais fácil construir uma reputação online, o que ajuda na contratação de projetos futuros;
- É mais cômodo procurar emprego pela internet do que pessoalmente;
- Não é necessário ter visto para trabalhar pela internet, pelo menos por enquanto.

Como o visto pode ser um problema sério para freelancers que querem trabalhar presencialmente no exterior, vou focar em quem trabalha pela internet.


*O Upwork é todo em inglês. A maioria das vagas são descritas nesse idioma e a negociação geralmente é com clientes estrangeiros. Por um lado é bom, porque eles pagam melhor e em dólar! Porém, é necessário que você tenha um inglês razoável. Também há vagas postadas por empregadores brasileiros, algumas em inglês e outras em português, mas não há muitas destas opções.

É financeiramente viável viajar com frequência sendo apenas freelancer?

É, depois de um certo processo.

Não costuma ser fácil fechar os primeiros projetos... claro que quem é menos seletivo consegue trabalho mais facilmente. Passada essa fase, o próximo passo é atingir uma renda razoavelmente fixa, com contratos de longo prazo ou uma boa quantidade de clientes. A boa notícia é que dedicando-se na busca por trabalho e realizando as tarefas com qualidade, o resultado vem: é natural receber avaliações positivas dos clientes e, então, conseguir novos clientes se torna quase automático. Quando chega a esse nível, o freelancer está consolidado no mercado e adquire certa segurança financeira.

Além da renda garantida, a viabilidade de viagens frequentes vai depender do quanto a pessoa está acostumada a gastar. Gente econômica consegue acumular dinheiro suficiente para começar as trips mais cedo. Para quem não abre mão de um estilo de vida sofisticado e viagens super confortáveis, também é possível, mas leva mais tempo.

Ou seja, antes de largar um emprego convencional e botar o pé na estrada, é aconselhável estar bem consolidado como freelancer - ou ter um bom dinheiro guardado. Além disso, estimar quanto você gastará viajando é outro ponto crucial para garantir o balanço positivo no final do mês.

Se você conseguir seguir esses passos com sucesso, vai ser completamente viável viajar só com a grana dos freelas. De novo: não tô dizendo que é garantido, mas é perfeitamente possível! Isso vale tanto pra quem quer fazer o dinheiro render com os baixos custos da Ásia quanto para aqueles que estão dispostos a abrir a mão na Suíça :)

Eu, por exemplo, pude passar um mês de férias pela Europa e pelos Estados Unidos apenas economizando o salário do meu primeiro ano como freelancer. E olha que eu tinha aluguel e várias outras contas para pagar todo mês! Nesse artigo conto como isso aconteceu e como foi a minha evolução financeira.
Felizona na encantadora Budapeste

Mas dá para aproveitar as viagens se eu estiver trabalhando?

Dá e muito, só que não é mais a mesma coisa do que se você fosse viajar apenas a turismo.

Como um turista que está de férias, é possível se desligar 100% do trabalho. Se for um assalariado, você recebe seu salário normalmente enquanto curte a viagem, ainda com o bônus relativo ao mês de férias. E quando retorna, o emprego ainda está lá "esperando por você".

Já para os nômades digitais, que costumam trabalhar durante as viagens, a dinâmica é diferente. Eles podem organizar seus projetos de forma a trabalhar alguns dias enquanto viajam e folgar em outros. Nesse caso, o ideal é programar viagens mais longas, para que dê tempo tanto de cumprir com as obrigações online quanto de aproveitar o local. Afinal, não existe mais aquela obrigação de voltar para o escritório, certo?

Para trabalhos virtuais de meio período, também é possível viajar durante o dia e trabalhar à noite, embora isso seja bem cansativo. Outra opção é não trabalhar - caso finalize alguns projetos ou pause atividades que forem flexíveis -, só que aí não vai ter dinheiro entrando.

Conclusão: vale a pena ou não vale?

Vale, pra quem consegue adaptar seu ambiente profissional ao mundo digital. As viagens ganham flexibilidade para ficarem maiores e frequentes, e o salário pode até ser maior, como foi no meu caso. Outra excelente vantagem em adotar o modelo trabalho + viagem é poder aproveitar muito melhor os períodos de folga, porque você poderá passá-los no país que quiser.

Entretanto, não é um bom negócio para quem prefere a "estabilidade" do seu emprego convencional, já que replanejar completamente a profissão, e talvez até a carreira, dá bastante trabalho mesmo. Isso é perfeitamente normal e de forma alguma tem menos mérito do que a escolha de trabalhar apenas virtualmente.
Quando fui à San Andrés, curtia BASTANTE o dia e trabalhava à noite


Não sei se ficou claro, mas um freelancer digital é a mesma coisa do que um nômade digital. O nomadismo digital, porém, é um pouco mais abrangente, pois inclui outras formas de ganhar dinheiro como, por exemplo, ter um negócio virtual.

Esse assunto de trabalhar e viajar ao mesmo tempo é bem polêmico e vai muito além do conteúdo desse artigo. Aliás, pretendo escrever novos textos a respeito futuramente, para que o tema fique mais claro. Enquanto isso, pode ficar à vontade para perguntar qualquer dúvida nos comentários ou simplesmente dizer o que você acha a respeito :)


Abraços e boas viagens para nós!


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Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
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7 comentários:

  1. Nossa, mas toda vez que eu leio um post novo seu,mais sou convencida que eu nasci prá viver viajando! Conhecer novas culturas, novas tradições e experiências me fascina! :) 2016 que me aguarde! hahahaha Parabéns mais uma vez!

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    1. É bem esse o espírito, Jacq :D Também vou começar 2016 com as expectativas bem altas, mais precisamente no céu, dentro de um avião hahaha
      Obrigada pela visita! Beijão!

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  2. Acho que nada é tao fácil assim, me cadastrei no freelancer e até agora não consegui pegar nenhum job, você poderia me ajudar? Passar alguma dica? Vc pagou para ser premium ou utilizou a conta free? como foi o teu começo lá no site? Gostaria de conversar por email lanacris@me.com Obrigada, beijos.

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    Respostas
    1. Oi! Tudo bom?

      Já vou responder essas dúvidas iniciais aqui mesmo. Assim, mais pessoas que queiram as mesmas informações, já podem acompanhar...

      Bom, como falei ali no post, não costuma ser fácil fechar os primeiros projetos. E mesmo com o tempo, não é garantido que você vai conseguir projetos incríveis e que vão te sustentar plenamente, mas é possível, sim.

      No meu caso, nunca paguei a conta premium. O que fiz foi caprichar no perfil, preencher tudo com detalhes e sinceridade (ninguém quer enganar o cliente e depois receber uma avaliação negativa, né?). Acho que tive um pouco de sorte, pois no primeiro mês já recebi convite e fui contratada para aplicar para um projeto bacana e de longo prazo - apesar de que o pagamento não era lá aquelas coisas. Paralelamente, fui pegando projetos menores, daqueles que pagam tipo $15 para realizar uma tarefa pontual e já terminam, porque assim eu ganhava avaliações. Com avaliações positivas, fica mais fácil pegar projetos maiores e que pagam melhor, porque o próprio Upwork começa a te recomendar para os empregadores.

      DICAS:
      - Foque em algumas habilidades específicas. Diga que você atua em no máximo umas 3 áreas.
      - Coloque skills que estejam bem relacionadas ao que você sabe e quer fazer, porque elas são uma forma de os empregadores chegarem até você.
      - Faça Cover Letters bem focadas em cada vaga que você tente pegar.
      - Analise os perfis dos freelancers que estão aplicando para as mesmas vagas que você e que já são mais experientes, para ter ideias de como você pode melhorar.

      Acho que é mais ou menos isso! Se tiver alguma dúvida que ache que não seja de interesse coletivo, pode mandar por e-mail pra mim no mundodeviajante@gmail.com que a gente continua a conversa por lá ;) Ou então pode ficar à vontade pra perguntar mais por aqui mesmo!

      Beijão e boa sorte na carreira de freelancer!

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    2. Ta super respondido! Grande abraço! ;)

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  3. Mayumi você acha que o inglês é crucial para freela que viaja para fora ou com o espanhol já dá pra se virar bem ?
    Penso em aprender espanhol primeiro e ir ganhando espaço e costume de viajar e fazer freela primeiro nos países pertencentes ao mercosul, pela facilidade de acesso e custo/benefício das viagens. Desde já, parabéns pelo post, ficou incrível mesmo, sincero, bem detalhado, dar uma forcinha para quem quer viajar pelo mundo e ter sua liberdade fianceira, não tem preço e acho isso muito adimirável. Grande abraço.


    Róger Borba, Rio Grande do Sul.

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    1. Adorei receber o seu comentário, Róger. Obrigada pelo carinho <3

      O inglês não é exatamente necessário, mas faz uma bela diferença. Abre um leque maior de oportunidades de trabalho e geralmente traz salários melhores. Mas temos que jogar com as peças que temos, certo? Se você acha que consegue aprender espanhol mais rapidamente e se sente mais seguro/confortável começando pela América do Sul, também pode ser uma estratégia interessante. Experiências profissionais (independentemente do idioma), contatos nas áreas de negócio que você quer atuar, conhecimento de outras culturas e saber viajar de um jeito inteligente também contribuem muito para o sucesso na carreira de um freelancer nômade. O importante é começar logo e seguir o caminho que você acredita que será mais eficaz :)

      Outro abraço e boa sorte nessa nova jornada!

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