Paris: a viagem que deu errado


Pois é. Mesmo em viagens que têm tudo para serem perfeitas, muita coisa pode dar errada.
Torre Eiffel
A imponente Torre Eiffel

Você já deve ter visto milhões de posts idolatrando Paris em outros blogs. Mas eu não vou fazer isso. Minha intenção aqui também não é falar mal da cidade, muito menos te aconselhar sobre o que visitar lá. Quero mostrar que, embora os destinos sejam os mesmos, as experiências de viagens podem ser completamente diferentes.

Do que essas experiências dependem? De inúmeros fatores, entre eles: quanto tempo você vai passar no local, onde vai se hospedar, quanto está disposto a gastar, que tipos de viagens você já fez antes, o seu perfil de viajante e, principalmente, o quanto você pesquisou sobre o local antes de ir. E foi exatamente aí que eu pequei: falta de pesquisa.

Antes de continuar, quero deixar claro que a minha viagem à Paris não foi muito boa quase que única e exclusivamente por minha culpa, porque eu era uma "marinheira" de primeira viagem e cometi muitos erros de principiante. Portanto, se você já é um viajante mais experiente, não vai ter grandes descobertas por aqui (obs: mas vale passar o olho pelos tópicos só pra garantir).

Dito isso, vamos aos fatos...

O que estava rolando na época pré viagem

Eu trabalhava das 8h às 17h30min, de segunda à sexta. Como se não bastasse, fazia faculdade à noite e estava no meio do semestre de entrega do TCC. Sim, mas eu tinha que ir naquela época, porque ia vencer o meu prazo para aproveitar uma bolsa de estudos de 4 semanas de inglês em Dublin que havia ganhado (prometo que conto essa história melhor em outro post!).
Preparação para viajar
Foto REAL de onde eu trabalhava na época! Normalmente não era assim bagunçado, mas eu era bem ocupada
(= não sobrava tempo pra ficar pesquisando sobre viagens no horário de expediente).

Ou seja: além de eu não ter tempo para me planejar, não ia ser um simples turismo por Paris. Eram 4 semanas de estudo + acomodação por 40 dias + vários países que, óbvio, eu quis ir no máximo que pude. Some a isso o fato de essa ser a minha primeira viagem internacional sozinha. Já havia feito um Work & Experience nos Estados Unidos antes, mas confesso que me acomodei durante o planejamento, já que outros 7 amigos que foram junto estavam ajudando a cuidar dessa parte e de todos os imprevistos que surgiram na viagem. Só que dessa vez era Europa, incluía vários países e eu estava sozinha.

Burradas que cometi e como você pode evitá-las

1. Levei toda a bagagem que pude: duas malas grandes, com quase 30kg cada uma. Não sei se você já prestou atenção ao meu porte físico, mas saiba que deu MUITO trabalho carregar aquilo tudo, especialmente nas estações de metrô SEM elevador ou escada rolante. Meus braços musculosos chegaram a ficar doloridos por alguns dias. Como evitar: leve somente o necessário. De preferência, apenas uma mala e que não esteja muito cheia. Caso queira comprar umas coisinhas pra você ou pra dar de lembrança, ainda haverá um espaço disponível na volta. Cheque como estará o clima na época da sua viagem para não levar roupas inadequadas. Não se preocupe em repetir algumas peças e, se precisar, você poderá usar uma lavanderia.

2. Excesso de bagagem nos voos domésticos. Levar malas não é ruim apenas pra carregar na cidade. Pode sair muito mais caro se você for levá-las de uma cidade à outra através de companhias aéreas low cost, como a Ryanair e a EasyJet. Essas empresas não costumam incluir despache de bagagens no preço da passagem, somente mala de mão. Caso você pague separadamente, a taxa para despachar a mala pode sair mais cara do que a passagem em si. Como evitar: (1) tente incluir as cidades que você irá como escalas da sua passagem, assim todos os trechos te permitirão levar mais bagagem; (2) caso você possua uma base ou retorne ao mesmo local, divida a bagagem. Exemplo: se a sua chegada e saída são por Londres, deixe em Londres (guardado no hotel ou com alguém de confiança) tudo o que você não precisará nas outras cidades - foi o que fiz. (3) viaje de trem, que costuma oferecer uma tolerância bem melhor para as bagagens; (4) tente pegar uma carona agendada via internet; (5) leve sempre o mínimo de bagagem possível, pois, caso precise pagar o despache, o pagamento das taxas é proporcional ao peso.

3. Uma das minhas malas não tinha rodinhas adequadas. Caso você ainda não tenha parado pra comparar a diferença, note que as malas com 4 rodas giram 360° e podem ser empurradas de todos os lados na posição vertical. Ou seja, o peso fica todo sobre as rodas. Já as malas que possuem apenas 2 rodinhas, só correm para frente e para trás e é preciso incliná-las ao carregar. Isso significa que grande parte do peso vai para o seu braço. Como evitar: use malas de duas rodas apenas para viagens em que não seja necessário movimentá-las muito. Pra garantir que não ia passar mais trabalho, vendi a minha mala de 2 rodas e não compro outra nem que custe R$10. Invista em malas com 4 rodas porque vai valer a pena, vai por mim.

4. Não vi qual era a estação de metrô mais próxima do meu hostel e, muito menos, um ponto de referência. Até cheguei a imprimir a reserva com o endereço básico do hostel, achando que, ao mostrar aquele papel, qualquer um saberia me indicar o local desde o aeroporto. Mas não em uma cidade do tamanho de Paris, né. Resultado? Levei umas 4 horas pra chegar lá. Me envergonho disso até hoje... Como evitar: faça o oposto do que fiz. Se for uma cidade grande, olhe o mapa do metrô, veja as linhas e trocas necessárias. Analise se sua hospedagem fica próxima à estação do metrô. Às vezes é melhor pegar um ônibus ou investir num táxi mesmo.

5. Planejei uma viagem muito picada, com poucos dias em cada cidade. Só pra você entender: minha passagem aérea era com destino final em Dublin, com uma escala de 8 dias em Paris na ida. Porém, comprei também outra passagem de 5 dias para a Alemanha, partindo no dia seguinte à minha chegada em Paris. Detalhe que na Alemanha eu visitei Berlim e mais uma amiga em Halle. Na teoria, me sobrariam 3 dias em Paris, contando com os outros dois dias após a minha volta. Acontece que tive problemas em Halle, perdi o voo e só consegui remarcar pro dia seguinte. Nesse caso, aprendi da pior forma possível que 1 + 2 pode não ser igual a 3. Pelo menos o recepcionista do hostel de Paris foi gente boíssima e não me cobrou aquela diária. Como evitar: fique no mínimo 3 dias seguidos em cidades grandes. Menos do que isso, é loucura! Você passa mais tempo em aeroportos (ou tentando chegar neles) do que aproveitando a viagem de fato.

6. Fora a Torre Eiffel, não planejei os outros lugares que queria ir. Isso em termos de distância, preços das entradas, filas, horários, como chegar e etc. Paris é um dos top destinos de quem vai para a Europa e eu sabia que coisa pra fazer era o que não faltava lá. Aí achei que bastava sair andando pelas ruas pra encontrar coisas bacanas. Não foi bem assim. Com um mapa, vi que tinha uma galeria no final de uma avenida próxima ao meu hostel e parti em direção a ela. Andei até não aguentar mais e a tal galeria nunca chegava. O pior é que o caminho foi sem graça, porque só tinham umas lojas pequenas e estavam todas fechadas, já que era domingo. Como evitar: até acho legal abrir uma brecha para surpresas em viagens, guardando um tempinho para passear sem rumo, mais ou menos como eu fiz. Isso só não é muito aconselhável em viagens tão corridas quanto a minha. Então, antes da viagem, faça uma lista dos locais e atrações que você quer ir e hospede-se próximo a eles. Use e abuse do Google Maps pra ter uma noção real das distâncias e de qual é a melhor forma de percorrê-las.

7. Dei trela pra um francês "gentil" que estava APENAS querendo me ajudar - essa é para as mulheres... Já que não segui meu conselho do item anterior, fiquei um tempão olhando pro mapa, sem saber pra onde ir. Eis que aparece um francês e oferece ajuda. Eu só perguntei qual era a melhor rua pra chegar à galeria, mas ele resolveu me acompanhar até parte do caminho. Disse que estava indo até uma esquina, que nunca chegava. Apenas sendo gentil novamente, perguntou se eu tinha onde dormir naquela noite e aproximou a mão dele da minha, como se quisesse me dar a mão. Afff! Já incomodada com a situação há um tempo, levantei a voz, falei que não queria mais ajuda e, finalmente, ele foi embora. Como se não bastasse, outros 2 franceses vieram puxar papo em ocasiões diferentes, todos com um inglês horroroso. Como evitar: Saiba sempre aonde você está indo, para não parecer perdida e não precisar pedir informações. Se algum cara inconveniente se aproximar querendo forçar algo que você não está a fim, seja grossa mesmo. Leia também: É perigoso mulher viajar sozinha para o exterior?

Dicas extras

  • Se puder, faça e leve uma carteirinha internacional de estudante. Dá desconto na entrada de vários pontos turísticos pela cidade.
  • Se tiver certeza das atrações que vai visitar, já compre antecipadamente os tickets das que forem mais concorridas, para evitar filas.
  • Pesquise por promoções - e analise se vale a pena tentar aproveitá-las! Alguns museus, incluindo o Museu do Louvre, possuem entrada gratuita no primeiro domingo de cada mês. Porém, provavelmente, haverá muito mais filas.
  • Mesmo que você seja um viajante pão duro como eu, invista pelo menos um pouquinho nos cafés e restaurantes de Paris. São muito bons, vale a pena! Entrei em um café aleatório e tomei o chocolate quente mais delicioso da minha vida. Em todos os outros lugares que visitei na Europa até hoje, só achei outro igual em Praga, em um restaurante chamado "The Louvre".
Cafeteria em Paris
Olha que graça essas luminárias e a decoração do teto! No lado de fora também tinham umas mesinhas para quem preferisse comer ao ar livre... só esqueci de registrar foi o nome do café! hehe
Chocolate quente de Paris
O chocolate quente era grosso e cremoso. Vinha nessa jarrinha, que enchia umas duas xícaras S2
Acho que custou em torno de €5.

  • Economize. Não só em Paris, mas em várias outras cidades europeias: para compras de passagens aéreas, transporte, hospedagem, alimentação e muito mais, tá cheio de dicas aqui e aqui.
  • Se possível, vá também a outras cidades do sul da França. O grande lance é alugar um carro e percorrer um trajeto lindão pelo litoral. Não cheguei a fazer isso, mas todo mundo que conheço que fez, diz que amou.


E no final, valeu a pena ir à Paris?

Valeu cada suspiro de cansaço que dei carregando aquelas malas! A cidade é linda, olhar a Torre Eiffel ao vivo é emocionante e estar naquele lugar tão cheio de histórias foi a realização de um sonho. Caso haja uma próxima oportunidade, talvez um dia ainda volte lá pra fazer tudo diferente, embora outros locais que ainda não fui tenham muito mais prioridade na minha lista de futuras viagens.

Gostaria de complementar que já fui a outras cidades como Budapeste, por exemplo, e achei mais bonita, barata e com inúmeras vantagens em relação à capital francesa. É legal abrir os olhos para essas outras opções quando for planejar um destino ;) Mas eu sei, Paris é Paris...
Torre eiffel iluminada
De tempos em tempos ela acende essas luzes e fica assim, maravilhosa. Aqueles faróis lá de cima podem ser vistos de vários locais da cidade :)


Espero que você tenha curtido o post e que eu esteja contribuindo para fazer a sua próxima viagem melhor. Qualquer dúvida, sugestão ou contribuição, por favor manifeste-se nos comentários! Você não sabe o quanto eu fico feliz em saber o que você está pensando sobre meus artigos...


Abraços e boas viagens para nós!

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Sobre Mayumi Tsuruyama

Me formei em Administração por adorar o universo empresarial. Mas também sou freelancer e blogueira, por amor ao mundo e à liberdade. Encaro todas as viagens que já fiz e ainda farei como trajetos de uma viagem maior, que é a vida. Seja como turista, estudante, trabalhadora ou mochileira, viajar me completa. E eu ainda tô longe dos 100%!
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6 comentários:

  1. Fui a Paris duas vezes e pretendo não voltar tão cedo. Já não tinha gostado da primeira experiência, na qual fomos abordados ( assim que chegamos) por uma mulher ( com roupas tipo de cigana) com o golpe do anel de ouro perdido. Durante todos os outro dias, não sei se a mesma ou outras parecidas nos abordavam todos os dias. Fora o golpe do, "do you speak English", o golpe do Italiano vendendo ternos. A França ( a Europa toda,mas especialmente Paris) paga o preço das invasões a Países da África e Ásia. A
    imigração ilegal enche as cidades de pessoas que, não conseguindo ocupação, perambulam tentando conseguir dinheiro das formas mais diversas formas. Já a segunda ida foi pior. Além de encontrar uma cidade mais suja, mais lotada de moradores de rua, passamos por todos os golpes que descrevi anteriormente e mais alguns. Culminando com um furto sofrido no metrô. Claro, culpa minha que esqueci de guardar passaporte no cofre do hotel, porque tinha vindo de Londres e usei uma bolsa muito fácil de abrir. ( fica aí a dica: quando for a Paris dê preferência a bolsas com zíper embutido ou que tenha vários bolsos. Conclusåo: fiquei sem passaporte e cartão de crédito. Perdi três dias para regularizar e muito dinheiro. As repartições públicas de lá parecem um pouco com as daqui. Então conforme-se que tua experiência em Paris foi ótima. Desculpe as reclamações, mas espero que sirvam de alerta para teus leitores.

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    1. Nossa... que pena que a sua viagem foi assim frustrada, Elizabeth! Realmente, enquanto lia o seu relato, só ficava pensando "até que a minha experiência lá não foi tão ruim assim". Essa questão do furto merece muita atenção, pois às vezes temos a falsa ilusão de que a Europa é 100% segura.

      Muito obrigada mesmo pela sua contribuição! Espero te ver novamente em outro post onde possamos compartilhar experiências melhores hehehe. Grande abraço :)

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  2. Mayumi! Muito boas suas experiencias! Viajei junto c vc na imaginação! Vc poderia escrever um livro!
    vc ja foi a Jerusalem? Quais vestimentas e vacinas devemos tomar? Estou querendo ir la.
    Bjos!

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    1. Oi!

      Que alegria saber que você viajou comigo hehe. Sabe que já pensei nessa questão do livro? Quem sabe!

      Sobre Jerusalém, nunca fui, então infelizmente não posso te dar dicas. Mas dá uma pesquisadinha no Google, aposto que você não vai ter dificuldades para encontrar bastante informação sobre isso ;)

      Obrigada pela visita e pelo comentário. Um beijo :*

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  3. Eu fui e fiquei 3 meses,nao tenho nada a reclamar

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    1. Maravilha, Cartolatub. Fico feliz por você! Como falei no post, a viagem pode ser um sucesso ou um fracasso dependendo de váaarias coisas. Obrigada pela contribuição.

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